Em geral, procuro considerar que ciúme é um conjunto de sentimentos que resultam do medo ou receio de perda em relação a uma pessoa ou a um relacionamento.
Nessa perspectiva, ele estaria ligado a uma QUEBRA DE CONFIANÇA em algum(a) parceiro(a), e/ou a uma insegurança pessoal em relação à algum(ns) relacionamento(s).
Uma quebra de confiança normalmente está associada a um histórico de quebra de ACORDOS. Na nossa visão de Amor Livre é essa quebra de acordo que consideramos DESLEALDADE.
Assim, podemos considerar como potencializadores do ciúme as situações em que os acordos não estão bem definidos (e isso pode fazer com que as expectativas fiquem muito diferentes), as situações onde os acordos já foram quebrados no passado (o que compromete a confiança em novos acordos), e as situações em que a ameaça de perda ou substituição pode vir à tona devido a inseguranças pessoais.
Em relação à ameaça de perda ou substituição devido a inseguranças pessoais (que todos temos) pode se tornar uma porta aberta para o ciúme, especialmente se esta insegurança não for conversada abertamente, ou se a pessoa insegura não receber apoio e empatia em relação ao que está sendo sentido.
Em relação à substituição, é válido fazermos uma pequena comparação com a monogamia. No amor livre, as pessoas, ao conhecerem novos(as) parceiros(as) em potencial ou ao relacionar-se com eles(as), podem fazê-lo de forma a agregá-los(as) em uma célula já existente, sem que isso signifique substituir ou descartar ninguém, ao contrário, amor livre é soma e não subtração. Na monogamia, quando alguma situação parecida acontece, a sensação de perda passa a ser iminente, a ideia da substituição passa a se tornar mais concreta e real, uma vez que só existe “uma vaga” na relação com uma determinada pessoa.
Assim, podemos dizer que, apesar do amor livre apresentar mais situações em que novas pessoas podem aparecer, na monogamia, o sentimento de ciúme ganha muito mais combustível a cada vez que uma situação assim acontece.
Quando percebemos isso, passamos a lidar melhor com o ciúme que sentimos, especialmente porque, pressupondo acordos e abertura de diálogo, conversar sobre estas inseguranças com os(as) parceiros(as) já existente(s), é uma possibilidade muito mais presente.
Relacionamentos pautados pelo amor livre não são desprovidos de ciúme. Seria engano pensar isso. Pelo contrário, vemos com naturalidade as inseguranças que aparecerem ao longo do relacionamento. A diferença é que no amor livre, nós lidamos com esse ciúme de maneira diferente, e a abertura ao diálogo (com mais de uma pessoa, inclusive) costuma ser ferramenta bastante presente para amparar as inseguranças daqueles com quem nos relacionamos (ou mesmo as nossas).
@deepak_zorba.tantra