Mulher também brocha

Mulher também brocha, mulher também perde a vontade, mulher também fica sem entusiasmo. A diferença é que nem sempre você enxerga e, por isso, talvez não perceba!

Ao contrário dos homens que a brochada é fisicamente óbvia, nas mulheres isso acontece de forma muito mais sutil e, pasmem, isso quase sempre é estigmatizado e considerado menos importante para os homens.

Se elas não estão receptivas ou estão sem vontade ou fora do clima, os sinais não verbais exigem muito mais sensibilidade para serem percebidos, mesmo se o termômetro for a lubrificação, o que as leva a ter que verbalizar ou se afastar e, como consequência, a se sentirem constrangidas ou inseguras de eventual julgamento. Afinal, é culturalmente aceito que as mulheres continuem a se relacionar se.xualmente mesmo sem vontade, seja por receio, vergonha ou para não decepcionarem o(a) parceiro(a).

Nosso machismo estrutural, manifestado inclusive nas mulheres, trata a disponibilidade feminina para o se.xo como condição que independe do seu real desejo e vontade. É uma obrigação para com o homem, socialmente construída e aceita geração após geração, que na verdade encobre uma concepção patriarcal de dominação e repressão.

Por traz dessa obrigação estaria o direito sagrado do homem de se satisfazer, ainda que as custas de um relacionamento que não seja recíproco, ou pior ainda, que seja abusivo e violento.

Não me cabe discorrer sobre o que leva as mulheres a se sujeitarem a isso. Me reservo a pensar que há múltiplos e milenares fatores sócio-culturais e políticos.

Quero refletir sobre o que nos leva, como homens, a não perceber ou, percebendo, ignorar esse fenômeno. E, sem hipocrisia, falo das inúmeras vezes que eu mesmo não percebi esses sinais e fiquei chateado ou frustrado por isso. Imaginou se nos nossos momentos de baixa ainda tivéssemos que falar e dar explicações?

A verdadeira conexão em um relacionamento depende desse diálogo franco e da abertura que os(as) parceiros(as) precisam ter para o acolhimento íntimo e amoroso.

Claro que haverá momentos em que um(a) estará mais quente que o(a) outro(a) e, ao invés de um problema, pode ser um gostoso jogo de sedução. Saber acolher plenamente a disposição do(a) parceiro(a) nos fará ter mais certeza da entrega e da recepção da nossa própria disposição.


Então hoje minha reflexão é dirigida a nós, homens: vamos abrir espaço para esse diálogo sem culpa de nenhuma das partes, vamos deixar que os sinais que nossa parceira nos oferece sejam percebidos, sem que isso seja um problema ou uma frustração. A força da conexão verdadeira está na reciprocidade. Sem isso, o que seria mesmo?
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